segunda-feira, 17 de março de 2014

"Mas quando se tem grandes idéias..."

"Como acontece com boa parte dos quietos, ele gostava das pessoas conversadeiras quando elas se dispunham a falar e não esperavam que ele correspondesse. (...) Mas a bruxinha sardenta que tinha ao seu lado era muito diferente e, embora achasse muito difícil acompanhar os efervescentes processos mentais da menina com sua inteligência mais vagarosa, ele percebeu que "meio que gostava do palavrório dela". E por isso disse, com a mesma timidez de sempre:
     - Oh, pode falar quanto quiser. Eu não me importo."
 Anne de Green Gables - L.M. Montgomery


No meu caso, geralmente estou escondido atrás de um Hollywood, acenando a cabeça e tentando captar os traços de personalidade mais marcantes, aqueles que saltam através da conversa casual das pessoas. Muitas vezes me pergunto se elas se dão conta disso, de como tanta coisa se revela em suas frases, na escolha de palavras, no tom de voz...
Aliás, nem é preciso "captar" nada - o retrato geral da pessoa se revela espontaneamente. Aí você fica pensando nos interessantes processos mentais que devem se passar por trás de tudo isso. Os anos passam, e os amigos mais antigos se tornam os quadros mais complexos, com mais tons, com mais profundidade, os detalhes vão acrescentando. As brigas tem mais argumentos, as comemorações são mais íntimas, e o humor é mais absurdo. A amizade antiga tem mais dimensões, mais contexto sentimental.

O que? Sim, claro que eu estou inventando tudo isso. Claro. (pigarro) Mas, inventado ou não... o interesse de pesquisador é o mesmo.
Lá do alto da minha torre.


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