"Faminto e emaciado, o Wendigo espreita as terras congeladas do Norte. As garras de seus pés formam sulcos na carne da terra, seu hálito fétido se condensa à sua frente, seus dentes se abrem num eterno rosnado. Seu rosto, apenas um crânio envolto em pele, com olhos vazios e presas quebradas, sangue escorrendo de seus lábios rachados, nojentos. Suas mãos tortas se parecem com grandes aranhas pálidas, mordendo braços longos e esqueléticos.
Com três metros de altura, apoia-se sobre pernas semelhantes a brotos de árvores, dobrados e quebrados, que carregam seu corpo para frente numa velocidade apavorante, impossível."
quarta-feira, 25 de junho de 2014
terça-feira, 10 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Nós, as testemunhas da Existência
Você é o deus dos pequeninos seres que compôem você mesmo. E você também é uma pequena parte viva de algo maior que está nascendo, tomando forma a partir da evolução humana.
Somos maiores e mais complexos do que muitas formas de vida neste mundo, mas inevitavelmente, surgirão formas maiores e mais complexas do que nós. Ela já estão aí, surgidas de nossas invenções.
Veja as nossas cidades, grandes aglomerados de seres, como os primeiros seres multicelulares vivendo em comunidade. As ruas agitadas, semelhantes às veias de nosso corpo, transportando materiais diversos de um lugar a outro. Os diferentes pontos da cidade, realizando funções específicas, como nosso órgãos.
E assim também, a relação entre organismos ainda maiores: os povos, as nações, talvez no futuro, entre planetas.
Não acho que isso seja coincidência: acho que isso tudo segue, de fato, uma ordem, um plano, não instituído por um mapa divino, tampouco planejado antes de tudo, mas segundo um impulso natural de construir, aglomerar e crescer a partir de pequenas peças. Como se você usasse peças de Lego para construir uma ainda maior. A grande estrutura é feita de tijolos semelhantes à ela mesma. E depois, ela mesma se une a outras para formar algo ainda maior... e assim por diante.
A escada da complexidade vai subindo e a consciência se expande a cada nível "hierárquico". Porém, cada nível permanece; as fundações não podem ser descartadas, e cada porcentagem de zoom revela um micro (ou macro) cosmo em si mesmo. Por isso é que a idéia de hierarquia deve ser considerada com cuidado. Talvez o melhor seja dizer simbiose, uma cooperação entre os diferentes níveis. Todos são intermediários: nada pode ser considerado inferior ou superior no sentido comum do termo, e sim, em graus de complexidade ou arranjo.
O ser humano, ou, a consciência humana, é um degrau desta escada.
Deus nascerá a partir de nós, como dizem os teóricos de uma idéia chamada Ponto Ômega. O terceiro estágio de evolução manifesto nesse mundo é a Noosfera, a esfera dos pensamentos humanos, nascida a partir da Biosfera, a das coisas vivas e em movimento realizando e aprimorando transformações químicas, e essa esfera ainda, nascida do Reino Mineral, dos elementos simples que aí estão desde muito tempo. Em cada estágio, o nível de complexidade aumenta. As estruturas básicas se tornam seguras, e a vida se manifesta em novas formas.
Não me considero propenso a conversões religiosas absurdas; também sempre fui crítico com a imagem do Deus-pai da Bíblia, e com a doutrina de Cristo. Para mim, é uma religião bárbara e sanguinária, baseada num Deus mesquinho e egoísta, que prega a idéia de punição ao livre-arbítrio através do sofrimento, além de espalhar o conceito de Mal Absoluto, isto é, a maldade pela maldade, e um inimigo da humanidade, Lúcifer.
Mas existem muitas outras formas de espiritualidade, formas livres e não-doutrinadas, que parecem estar mais próximas de uma compreensão sensata do universo. Pensar nessas coisas têm me trazido uma nova idéia de espiritualidade, e a sensação de pertencer à algo maior do que eu mesmo, de senti-lo pairando nos limites da compreensão. Algo pretende se revelar nos portões da névoa.
E quanto aos níveis de complexidade, da seta ascendente da matéria-consciência... tenho a louca fantasia de que ela, na verdade, forme um círculo. O caminho.
Somos maiores e mais complexos do que muitas formas de vida neste mundo, mas inevitavelmente, surgirão formas maiores e mais complexas do que nós. Ela já estão aí, surgidas de nossas invenções.
Veja as nossas cidades, grandes aglomerados de seres, como os primeiros seres multicelulares vivendo em comunidade. As ruas agitadas, semelhantes às veias de nosso corpo, transportando materiais diversos de um lugar a outro. Os diferentes pontos da cidade, realizando funções específicas, como nosso órgãos.
E assim também, a relação entre organismos ainda maiores: os povos, as nações, talvez no futuro, entre planetas.
Não acho que isso seja coincidência: acho que isso tudo segue, de fato, uma ordem, um plano, não instituído por um mapa divino, tampouco planejado antes de tudo, mas segundo um impulso natural de construir, aglomerar e crescer a partir de pequenas peças. Como se você usasse peças de Lego para construir uma ainda maior. A grande estrutura é feita de tijolos semelhantes à ela mesma. E depois, ela mesma se une a outras para formar algo ainda maior... e assim por diante.
A escada da complexidade vai subindo e a consciência se expande a cada nível "hierárquico". Porém, cada nível permanece; as fundações não podem ser descartadas, e cada porcentagem de zoom revela um micro (ou macro) cosmo em si mesmo. Por isso é que a idéia de hierarquia deve ser considerada com cuidado. Talvez o melhor seja dizer simbiose, uma cooperação entre os diferentes níveis. Todos são intermediários: nada pode ser considerado inferior ou superior no sentido comum do termo, e sim, em graus de complexidade ou arranjo.
O ser humano, ou, a consciência humana, é um degrau desta escada.
Deus nascerá a partir de nós, como dizem os teóricos de uma idéia chamada Ponto Ômega. O terceiro estágio de evolução manifesto nesse mundo é a Noosfera, a esfera dos pensamentos humanos, nascida a partir da Biosfera, a das coisas vivas e em movimento realizando e aprimorando transformações químicas, e essa esfera ainda, nascida do Reino Mineral, dos elementos simples que aí estão desde muito tempo. Em cada estágio, o nível de complexidade aumenta. As estruturas básicas se tornam seguras, e a vida se manifesta em novas formas.
Não me considero propenso a conversões religiosas absurdas; também sempre fui crítico com a imagem do Deus-pai da Bíblia, e com a doutrina de Cristo. Para mim, é uma religião bárbara e sanguinária, baseada num Deus mesquinho e egoísta, que prega a idéia de punição ao livre-arbítrio através do sofrimento, além de espalhar o conceito de Mal Absoluto, isto é, a maldade pela maldade, e um inimigo da humanidade, Lúcifer.
Mas existem muitas outras formas de espiritualidade, formas livres e não-doutrinadas, que parecem estar mais próximas de uma compreensão sensata do universo. Pensar nessas coisas têm me trazido uma nova idéia de espiritualidade, e a sensação de pertencer à algo maior do que eu mesmo, de senti-lo pairando nos limites da compreensão. Algo pretende se revelar nos portões da névoa.
E quanto aos níveis de complexidade, da seta ascendente da matéria-consciência... tenho a louca fantasia de que ela, na verdade, forme um círculo. O caminho.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Humanidades
Achando que era preciso se deslocar mais rápido que o vento e a chuva, montaram sobre um animal que pudesse carrega-los estrada afora. E depois, resolveram mesmo andar onde estavam o vento e a chuva, andando em máquinas monstruosas que se jogam pelos ares, ocasionalmente, matando-os às centenas.
E porque resolveram ir ao trono em vez de ir aos pés, construíram complicados artefatos de cerâmica para receber suas sujeiras, e ao mesmo tempo, um complicado sistema de levar a sujeira para bem longe, pois no palácio asséptico do homem, qualquer odor aparece. A natureza agora era suja, cheio de seres invisíveis prontos a corromper sua saúde. Era preciso manter uma santa distância.
E porque suas vidas tornaram-se enfandonhas, tediosas e repetitivas, voltaram-se com gula obsessiva para as artes e a fantasia, lapidando-as ao nível da perfeição para vivenciar histórias mágicas, aventuras, perigos e grandes façanhas... pois cada vez mais isso faltava à vida real.
E porque o solo e o ar e os alimentos perderam seu vigor, exaustos pelos duros trabalhos de produzir sem cessar, passaram a alimentar-se de venenos picantes, falsos alimentos e vitaminas artificiais. Comer tornou-se uma atividade matemática.
De fato, os números agora estavam em toda parte! Limitando, ordenando, registrando, separando e distribuindo. Entre aqueles que os tornaram uma instituição.
E assim por diante. Novas estruturas artificiais feitas para lidar com os problemas das antigas. Camada sobre camada de distanciamento.
E em todas as épocas, poucos dentre eles pareciam se dar conta de que aquele caminho não era único e obrigatório; de que as coisas poderiam ser diferentes.
Mas afinal... ninguém quer ficar embaixo da chuva, chupando ossos secos.
E porque resolveram ir ao trono em vez de ir aos pés, construíram complicados artefatos de cerâmica para receber suas sujeiras, e ao mesmo tempo, um complicado sistema de levar a sujeira para bem longe, pois no palácio asséptico do homem, qualquer odor aparece. A natureza agora era suja, cheio de seres invisíveis prontos a corromper sua saúde. Era preciso manter uma santa distância.
E porque suas vidas tornaram-se enfandonhas, tediosas e repetitivas, voltaram-se com gula obsessiva para as artes e a fantasia, lapidando-as ao nível da perfeição para vivenciar histórias mágicas, aventuras, perigos e grandes façanhas... pois cada vez mais isso faltava à vida real.
E porque o solo e o ar e os alimentos perderam seu vigor, exaustos pelos duros trabalhos de produzir sem cessar, passaram a alimentar-se de venenos picantes, falsos alimentos e vitaminas artificiais. Comer tornou-se uma atividade matemática.
De fato, os números agora estavam em toda parte! Limitando, ordenando, registrando, separando e distribuindo. Entre aqueles que os tornaram uma instituição.
E assim por diante. Novas estruturas artificiais feitas para lidar com os problemas das antigas. Camada sobre camada de distanciamento.
E em todas as épocas, poucos dentre eles pareciam se dar conta de que aquele caminho não era único e obrigatório; de que as coisas poderiam ser diferentes.
Mas afinal... ninguém quer ficar embaixo da chuva, chupando ossos secos.
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